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Raças Criadas

  • Cão Serra Da Estrela

Porquê Criadores de Cães?

13/9/19
1) PORQUE É QUE UM BOM CACHORRO É TÃO CARO?​

Criar bons cães de raça é uma actividade muito dispendiosa. Infelizmente, a grande maioria das pessoas não entende nem sabe quais as despesas envolvidas e os seus montantes.

Eis algumas despesas a considerar.

Despesas gerais:
- amortização e manutenção de instalações e equipamento
- limpeza e desinfecção de instalações
- aquisição dos reprodutores
- alimentação e cuidados veterinários de todos os cães presentes no canil (vacinações, desparasitações internas e externas, análises de rotina, problemas de saúde imprevistos)
- equipamentos e material de grooming (mesa, escovas, pentes, champôs, condicionadores)
- despesas com exposições (inscrições, deslocação, refeições, estadia em hotel)
- despesas com despistes de doenças genéticas (displasia da anca e outros problemas ortopédicos, doenças oculares, hipotiroidismo, etc)
- despesas com a aquisição de bibliografia e quotizações de clubes/associações cinófilas
- tempo, tempo, tempo


Despesas relacionadas com a ninhada:
- seguimento de cio
- viagem até ao domicílio do macho escolhido (mais estadia)
- valor da cobrição
- inseminação artificial
- ecografia para diagnóstico de gestação
- comida adicional durante a segunda metade da gestação e, sobretudo, durante a lactação (que pode chegar a 4 vezes a quantidade normal em período de manutenção)
- aquisição de uma caixa de parto, de tamanho adequado e devidamente concebida para evitar esmagamento e asfixia de cachorros
- lavagem diária dos materiais usados como cama para os cachorros e sua mãe
- limpeza e desinfecção diária da caixa de parto
- limpeza e desinfecção da maternidade/parque dos cachorros
- aquecimento da sala escolhida para maternidade e manutenção de uma higrometria adequada
- aquecimento adicional na zona de descanso dos cachorros (lâmpadas de infra-vermelhos e/ou sacos de água quente que precisam ser mudados no mínimo 4 vezes por dia)
- alimentação dos cachorros
- desparasitações (pelo menos 3/4) da mãe e dos cachorros
- vacinação dos cachorros
- colocação de microchip
- registo da ninhada e dos cachorros no CPC
- despesas veterinárias extras com assistência a eventuais distócias, com ou sem cesariana
- despesas extras em medicamentos em caso de metrite ou mamite
- possibilidade de ter de recorrer a aleitamento artificial em caso de morte, doença geral, agalaxia, mamite ou produção insuficiente de leite por parte da mãe


Tempo, tempo, tempo:
* vigilância 24/7 durante pelo menos os primeiros 15 dias de vida, para evitar esmagamentos ou afastamento dos cachorros das fontes de calor e verificar se todos mamam convenientemente
* check-up diário à mãe (medição da temperatura, verificação da natureza do corrimento, controlo do estado das mamas e qualidade do leite)
*pesagem diária dos cachorros e identificação precoce de problemas no desenvolvimento dos cachorros
*sociabilização dos cachorros

Quando lhe propuserem para venda um cachorro "barato" investigue bem quais foram os cortes efectuados nas despesas, e em que despesas ... POR VEZES, O BARATO SAI CARO!

E já agora falemos um pouco sobre "CÃES de RAÇA"!


2) O QUE É UM CÃO DE RAÇA?

Uma raça é uma população, dentro de uma espécie, com uma determinada bagagem genética, distinta da de outras raças, e que determina determinado fenótipo (aparência) e determinadas aptidões e/ou comportamentos.


3) O QUE É UM CÃO DE RAÇA PURO?

Um cão de raça puro é aquele em que, em gerações anteriores, não houve cruzamentos com indivíduos de outras raças e que, cruzado com um indivíduo da mesma raça, dará cachorros dessa mesma raça, sem parecenças com outras raças.


4) SER PURO NÃO TEM NADA A VER COM O FACTO DE SER UM BOM EXEMPLAR DA RAÇA?

Um cão de raça é tanto melhor quanto mais perto estiver da descrição do cão ideal, que é feita no estalão da respectiva raça. Anos de cruzamentos feitos sem controlo e sem aferição (Exposições, confirmação) fazem com que muitos cães ditos de raça apenas vagamente tenham as características essenciais das mesmas (basta olhar para os pseudo-Caniches, pseudo-Cockers, pseudo-Boxers, pseudo-Pastores Alemães, pseudo-Labradores, pseudo-Jack Russells, pseudo-Cane Corso, pseudo-Rottweiller, etc com que nos cruzamos todos os dias nas ruas.

 

5) O QUE É O LOP?

LOP é a sigla para Livro de Origens Português. É um livro que está, em Portugal, a cargo do Clube Português de Canicultura (CPC) e é o único livro genealógico canino português reconhecido pela FCI, AKC e KC. Nesse livro são identificados e registados os cães de raça pura. Para um cão poder entrar no LOP é necessário que os seus pais estejam também registados no LOP ou noutro Livro de Origens reconhecido pela FCI e, obviamente, que sejam da raça (e por vezes também da mesma variedade) em questão.
Os cães com registo no LOP têm ascendência conhecida até, pelo menos, à terceira geração. Em termos práticos, interessa salientar que o registo LOP é o único documento que atesta a pureza do cão já que comprova que todos os seus ascendentes pertencem à raça em questão, sem misturas com outras raças. Por isso, um cão que não tenha registo não pode ser considerado como "de raça" mas apenas "de tipo raça X" (aliás como já é contemplado em legislação estrangeira)

 

6) O QUE É O PEDIGREE?

O pedigree é a árvore genealógica do cão. Os cães registados no LOP ou outro livro de origens têm ascendência registada pelo menos até à 3ª geração, ou seja conhecem-se, pelo menos, os pais, avós e bisavós. Por vezes ouve-se falar em "excelente pedigree" e relaciona-se com a maior ou menor abundância de Campeões no pedigree. No entanto, excelente pedigree é aquele que revela um determinado plano de criação e em que se usam linhas e reprodutores de valor. Desta forma, só as pessoas que estão "dentro da raça" e a conhecem bem estão habilitadas a reconhecer um bom pedigree.

7) CÃO DE RAÇA VS CÃO RAFEIRO

Quer os cães de raça quer os rafeiros têm as suas vantagens e desvantagens.
O rafeiro é um cão único, não há no Mundo outro igual a ele, e portanto é o cão ideal para pessoas que não gostam de ter o mesmo que as outras. Embora a grande maioria dos rafeiros sejam excelentes cães de companhia, é impossível saber, sobretudo se for adoptado em cachorro:
* qual o aspecto que terá em adulto (pêlo curto, comprido, sedoso, áspero; orelhas direitas, orelhas caidas, etc)
* qual o tamanho que terá em adulto (tanto mais que, normalmente, pelo menos o pai é desconhecido)
* qual o temperamento
* quais as aptidões para realizar determinadas tarefas (nomeadamente guarda, caça, etc.)


No cão de raça não há surpresas de maior relativamente ao tamanho e tipo de pêlo. Por isso, ao adoptar um cachorro de determinada raça já sabe à partida que terá que contar com um determinado tempo para tratar (ou não) da pelagem do cão, um determinado orçamento para a comida e dispor de determinado espaço e/ou local para passear e brincar com o cão. A maioria dos indivíduos da raça tem também um comportamento e aptidões "próprias" da raça, pelo que, querendo-se um cão para determinada função (pastoreio, guarda, caça ou apenas companhia) só um cão de raça poderá assegurar o cumprimento desse requisito. Além disso, dado que se conhece a mãe, o pai e muitos dos ascendentes, poderá ficar-se com uma ideia mais precisa de como será o seu temperamento e a sua saúde. Se pretender o seu cão com fins desportivos/competição (agility, obedience, mondioring, etc), e embora essas actividades estejam abertas a cães sem raça definida nos Clubes de Treino ou em provas sem carácter oficial, saiba que só os cães registados em livros de origens podem disputar campeonatos ou obter títulos oficiais. Por outro lado, convém não esquecer que as despesas correntes de manutenção do cão (alimentação, desparasitações, vacinações e outras idas ao veterinário, seguros, hotéis, etc) são iguais quer se trate de um rafeiro ou de um cão de raça.

8) OS CÃES DE RAÇA SÃO MAIS FRÁGEIS E PRECISAM DE CUIDADOS ESPECIAIS?

Uma ideia corrente e pré-concebida é a de que os cães de raça são mais débeis e atreitos a doenças, e que precisam de alimentação e/ou cuidados especiais. Se bem que, quanto a alimentação, certas raças gigantes precisem de acompanhamento adequado durante o período de crescimento, quanto ao resto esta ideia não tem qualquer fundamento e é perfeitamente errada. Basta pensar que a maioria das raças de cães foram desenvolvidas para executar determinados serviços (pastoreio, guarda, caça), ainda antes do séc. XX (muitas delas têm mesmo origens tão longínquas como o tempo dos Faraós). Nessa altura, os proprietários de cães eram sobretudo gente humilde (pastores, agricultores, mineiros) e não havia nem médicos veterinários nem meios, remédios ou mesmo vontade em tratar animais doentes (mesmo nos nossos dias isto não é assim tão pouco frequente ...). Por isso, apenas os exemplares mais robustos e saudáveis sobreviviam e eram utilizados como reprodutores. Os exemplares actuais herdaram essa característica e a maioria dos cães de trabalho são cães que não fazem a fortuna de veterinários, uma vez que basicamente só necessitam de vacinação e desparasitação regulares.
Muitas pessoas baseiam esta opinião no facto de, associadas aos cães de raça ou a certas raças em particular, se falar muito em doenças do foro genético quando se fala de cães de raça. Quanto a isto, há que realçar o seguinte:
- relativamente ao Homem, onde não há preocupação em manter raças puras e onde a consanguinidade é socialmente reprovável, estão identificados vários MILHARES de doenças de natureza genética enquanto que no cão apenas estão de certeza referenciadas como genéticas cerca de 400 doenças (e, portanto, o cão é basicamente uma espécie sem grandes problemas).
- TODAS as raças de cães (e mesmo os rafeiros) estão sujeitos a TODAS a doenças genéticas próprias da espécie (há rafeiros com displasia, assim como há rafeiros com epilepsia, rafeiros com problemas oculares, etc).
As doenças genéticas são referenciadas e estudadas no sentido de compreender a sua natureza, métodos de diagnóstico precoce e, sobretudo, métodos de erradicação, de modo a obter cães saudáveis. Por isso só faz sentido estudar os casos relativos a cães de raça. (Os rafeiros não deverão reproduzir-se e, portanto, idealmente, o problema acaba ali). Certo é que certas doenças são mais prevalentes em certas raças que outras, muitas vezes devido a consanguinidade excessiva ou deriva genética. No entanto, os verdadeiros criadores trabalham no sentido de reduzir o problema e cada vez mais criar cachorros saudáveis e que façam as suas famílias felizes. A aquisição de um cachorro num criador consciente é portanto o primeiro passo a dar para ter um cão sem problemas de saúde futuros.

 

9) ONDE POSSO COMPRAR UM CÃO DE RAÇA?

Embora se encontrem cães de raça à venda em lojas de animais (ou através destas) nunca é demais repetir que UM CÃO DE RAÇA ADQUIRE-SE NUM CRIADOR ESPECIALISTA nessa raça.
Antes de comprar um cão é fundamental conhecer os pais, para avaliar do carácter que o cachorro terá no futuro, conhecer em que condições foi criado (quer em termos sanitários quer em termos de socialização) e garantir que haja sempre alguém disponível para prestar qualquer esclarecimento ou ajudar em qualquer coisa que surja depois do cachorro ser levado para casa.

Numa loja de animais nenhum destes pontos se verifica. Pior, a experiência dita que os cães que vão "parar" às lojas de animais são o fruto de cruzamentos irresponsáveis e pouco planeados por parte de particulares, que não têm conhecimentos sobre cães nem instalações adequadas para a sua manutenção e que procuram desfazer-se deles o mais cedo possível, de modo a não ter despesas com alimentação, vacinas e outros tratamentos, já para não falar nos intermináveis chichis e cócós. A criação de cães em baterias em caves escuras existe. A manutenção dos animais em condições sanitárias deploráveis existe. A eutanásia de cães que já não servem para reprodução existe.
Saiba portanto como o seu cachorro, que vai fazer parte da família nos próximos 10 anos, foi criado. Os bons criadores NUNCA vendem os seus cães a lojas. Um bom criador preocupa-se com os seus animais, pelo que precisa conhecer os candidatos a donos e avaliar das suas condições antes de deixar sair um cachorro que viu nascer e que cuidou com o maior cuidado durante pelo menos 2 meses.


10) NÃO COMPRE EM LOJAS DE ANIMAIS OU OUTROS INTERMEDIÁRIOS!


Um cão comprado numa loja dificilmente será um bom exemplar da sua raça e poderá não ter as vacinas em dia (ou ter sido vacinado demasiadamente cedo, o que vem a dar no mesmo). A convivência com outros animais de proveniências diversas favorece o aparecimento e disseminação de doenças com consequências materiais desagradáveis e, por vezes, sequelas em termos de saúde para toda a vida. Por outro lado, uma vez efectuada a compra, o vendedor só quer é ver o cachorro e seus donos "pelas costas" e não está na disposição de perder tempo a esclarecer dúvidas. Um cão adquirido directamente ao criador é muitíssimo mais barato (lojas há que têm margens de lucro de 100%...)
Sem dúvida, adquirir um cachorro num criador responsável permite poupar muito dinheiro e preocupações.

 

11) DEVO PEDIR UMA LISTA DE CRIADORES AO CPC?

É de todas a melhor opcção e a atitude mais correcta! Pedir uma lista de criadores ao CPC é, realmente, um dos passos a dar no sentido de conhecer criadores da raça desejada. Não se assuste com os "canis": em português, "canil" é simplesmente um lugar onde se guardam cães, vários cães. Assim, os criadores, sobretudo se possuem afixo, são referenciados como "canis". A língua francesa nesse aspecto é mais explícita, já que faz a distinção entre "chenil" (canil propriamente dito) e "élevage" (local de criação, criador).


NOTA IMPORTANTE: A lista fornecida pelo CPC NÃO é uma lista de criadores recomendados. É a lista de TODOS os criadores que registam as suas ninhadas (boas e más). É, pois, importante que, depois de ter os contactos dos criadores, combine uma visita para ver como os cães são na realidade, como vivem e como são tratados.


Um cão que se destina a ser parte da família não deve ser criado em série, como um animal de quinta. Prefira criadores que façam poucas ninhadas pois só assim cada cachorro pode receber a atenção necessária.

 

12) O QUE PENSAR SE UM CRIADOR ME MOSTRAR A FÊMEA MAS O MACHO NÃO ESTÁ PRESENTE?

É normalíssimo que um criador, um verdadeiro criador que se preocupa em criar bons cães, recorra a machos pertencentes a outros criadores. Não deve estranhar o facto de o macho não se encontrar no mesmo local; bem pelo contrário, tome isso como um bom sinal. Quem tem como objectivo criar cachorros cada vez melhores procura e usa o melhor macho possível, onde quer que ele esteja. De qualquer forma, o criador deverá, se o solicitar, dar-lhe o contacto do dono do pai da ninhada para que o possa visitar, se assim o entender.

 

FONTE CONSULTADA E ADAPTADA: http://www.sealords-oes.com/